PONTO DE CULTURA - TAMBORES DA RESISTÊNCIA

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MESTRE LUÍS DE FRANÇA



Luís de França foi um Oluô (ou seja, responsável pelo jogo de búzios), e tornou-se uma das figuras mais marcantes na história do Maracatu Leão Coroado, assumindo a liderança do maracatu fundado por seu pai, um ex-escravo africano, por volta do ano de 1954.

Mestre Luís, como era conhecido, nasceu na rua da Guia, bairro do Recife, em 1º de agosto de 1901, filho de Laureano Manoel dos Santos e Philadelpha da Hora. 

Cresceu no bairro de São José, espécie de gueto de escravos libertos, local onde aconteciam cultos africanos. Guardava na memória a participação intensa em terreiro de candomblé, o Sítio do Pai Adão, em Água Fria, embora a sua iniciação religiosa não tenha acontecido lá. Os pais de santo de Luís de França foram Eustachio Gomes de Almeida e Maria Júlia do Nascimento, a Dona Santa do Maracatu Nação Elefante.

Segundo contava, durante a juventude vendeu jornais ao longo da via férrea, até Palmares, o que o levou a conhecer senhores de engenho e chefes políticos da região. Ganhou muito dinheiro revendendo produtos importados, trazidos nos navios, quando trabalhava de estivador, profissão exercida até aposentar-se. 

Como líder do grupo, que dirigiu com dedicação por mais de quarenta anos – de 1954 até 1997, o ano de sua morte - cuidou da organização, das obrigações religiosas e da direção da batucada, cujo baque secular foi repassado por seu pai.

O forte do maracatu de baque virado é a sua tradição religiosa. Seus componentes básicos são o porta-estandarte, o rei e a rainha, as damas do paço com as calungas, os batuqueiros.

Os tambores feitos de macaíba, fabricados pelo mestre Luís de França, são utilizados até hoje nos desfiles do grupo. As cores da bateria, que se apresenta com 25 instrumentos, são o vermelho e o branco: Luís de França era filho de Xangô.

Seu Luís começou a participar do maracatu quando a sede ficava no bairro da Boa Vista, numa rua que hoje se chama Leão Coroado. Foi membro da Irmandade de São Benedito da Igreja de São Gonçalo da Boa Vista e da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos de Santo Antônio. Um dirigente desta última, José Luís, foi quem passou ao afilhado Luís de França a direção do folguedo. Daí em diante o decidido líder passou a cuidar da organização do grupo, das obrigações religiosas e da direção da batucada, cujo baque secular aprendera com o pai. 

Passado por Luís de França, continua mantido o mesmo baque tradicional, conforme garante o babalorixá Afonso Aguiar, que integra o grupo a partir de 1996 e conduz a agremiação desde a morte de França, em 1997.

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